quinta-feira, dezembro 31, 2015

Pico da Bandeira - Diário de uma Aventura Inesquecível

 
   Eu não quero começar esse texto dizendo sobre como foi difícil e penoso o processo de organização da nossa viagem à cidade de Alto Caparaó- MG. Em 2015 a Mocidade da Sétima Igreja iria completar 50 anos de organização, a atual diretoria desejava fazer um passeio diferente, uma aventura extrema, algo que ficasse marcado na lembrança de cada um.  Nós colocamos como objetivo alcançar o ponto mais alto do estado, o Pico da Bandeira, e sabíamos desde o inicio que não seria fácil, essa dificuldade se apresentou quando ainda sonhávamos com o projeto, mas graças ao nosso Deus essa história não para por aqui e irei inicia-la a partir do dia 07 de Agosto de 2015, nosso ponto de partida.
  
  Já era por volta das 23h do dia 07 de Agosto quando todos começaram a chegar, o local escolhido foi em frente à casa do Pastor Gilmar na Avenida Capim Branco, bairro Vista Alegre. O nosso ônibus chegou cedo, primeiro que os passageiros, tudo estava caminhando dentro do previsto. O motorista se mostrou ser um cara experiente, gentil e educado, sem falar que logo no primeiro momento quando disse a ele que erámos um grupo cristão ele se identificou como irmão em Cristo, era notório que Deus havia pensado em todos os detalhes.

  O Ônibus era robusto e confortável, estávamos em 29 pessoas e havia lugar para 47, ou seja, espaço não iria faltar. O povo foi chegando, eram mochilas e bolsas que não paravam mais, algumas como a do meu cunhado Cristian, lembrava equipamento de um soldado indo para uma missão no Afeganistão, quase um Seals da Marinha Norte Americana, sua mochila era enorme, e sem exageros, parecia que iriamos ficar um mês por lá, mas seria apenas aquele fim de semana. Em contra partida, o Douglas Bragança chegou com uma bolsa parecendo uma nécessaire de tão pequena, ali se notava nitidamente nossa vasta experiência em aventuras, era tudo ou nada, alguns carregavam uma vida inteira dentro de uma mochila, outros apenas biscoitos Pit Stop, seria hilário se mais tarde tudo isso não fosse trágico, principalmente aqueles biscoitos.

  Após uma oração, distribuição do nosso Folheto Guia do Passeio, algumas orientações ao grupo, o nosso ônibus partiu, já era quase 01:00 do dia 08, na escuridão da BR 381 nada se via, as luzes de um Belo Horizonte iam ficando para trás, seguíamos sentido Espirito Santo, porém, nosso destino seria o Pico da Bandeira, entrando pela parte de Minas, e para chegar lá precisávamos enfrentar os primeiros 340 km de distância entre a capital mineira e Alto Caparaó.
   Alguns poucos chegaram a cochilar, outros tinham assuntos de sobra, piadas, risos, lembranças de antigos passeios.  O Sidney e o Mateus da Igreja do Vale do Jatobá, levaram alguns filmes, acabamos por colocar “Deus não está morto”. Eu particularmente não consigo assistir televisão em uma viagem, fico tonto, e ao olhar pra tela, percebi que seria melhor fazer companhia ao motorista e dar uma olhada na estrada. As primeiras horas passaram rapidamente e logo chegamos à nossa primeira parada, restaurante Graal na cidade de João Monlevade; alguns despertaram e resolveram esticar as pernas, outros nem perceberam que estávamos parados, continuaram dormindo, era a hora de uma ida rápida ao banheiro, aquele cafezinho típico de um bom mineiro, mesmo sendo na madrugada. Na volta ao ônibus, após uma rápida contagem, todos estavam a bordo e agora só iriamos parar em Alto Caparaó.


 Era quase 06:00 da manhã e estávamos aproximando do nosso destino, algumas montanhas surgiam na paisagem da janela, bem imponentes elas provocavam motivação e apreensão ao mesmo tempo. As 6:40 o nosso ônibus já encostava na praça principal da cidade. A viagem havia sido ótima, todos estavam descansados, motivados, alegres e admirados com a beleza daquela pequena cidade cravada entre as montanhas. Assim que desembarcamos, demos aquela pausa para a foto oficial com nossa bandeira, tá certo que o motorista não caprichou, mas tudo bem, foto não faltou na nossa viagem.


  Estacionamos na praça principal, em frente à 1º Igreja Presbiteriana de Alto Caparaó,  em seguida partimos para o nosso café da manhã. Andamos apenas uns 50 metros para que chegássemos ao pequeno restaurante na Avenida Pico da Bandeira, em frente à praça central, ali seria nosso ponto de apoio, café, almoço e banho, isso mesmo, o banho era nos fundos do terreno onde havia alguns banheiros com chuveiros quentes para os aventureiros que chegavam à cidade rumo ao Pico, o valor era de R$ 3,00 por pessoa. Nesse primeiro momento todos se concentraram apenas no café, a mesa estava repleta de bolos caseiros, pães, sucos, leite, era um café de rei diante do que iriamos ter lá no Pico, se eu tivesse como prever, teria comprado uns três bolos para levar na mochila, só para não ter que comer aqueles benditos Pit Stop.

  Após o café e uma pausa para descanso, nos reunimos na praça, estendemos nossa bandeira no portão da Igreja Católica, foi o local mais adequado que achamos perto dos bancos, fizemos ali uma devocional, cantamos, oramos e a Marcia fez um breve estudo naquela manhã. Assim que a devocional acabou, retiramos a bandeira e aproveitamos para conhecer a 1º Igreja Presbiteriana de Alto Caparaó. Tivemos a grata surpresa de sermos extremamente bem recebidos pelo pastor Walter Júlio que imediatamente ofereceu as dependências da Igreja caso viéssemos necessitar. Ele conhecia pessoalmente a Sétima Igreja, ele contou histórias da sua época de seminário, as meninas que vislumbravam namorar seminaristas, talvez a Marcia fosse uma delas, mas esse comentário para por aqui, para não gerar polêmicas. Assuntos não faltaram, ele interessado em saber sobre alguns velhos amigos que estavam ou passaram por Belo Horizonte, e nós aproveitávamos para conhecer aquela bela igreja, sua estrutura, o zelo pela organização, pela música, foi um momento maravilhoso, mas era hora de almoçarmos, abastecer as energias para em seguida encarar nossa jornada até o Pico.



 O almoço foi espetacular, comida bem temperada, novinha, coisa simples, típica de cidade do interior de Minas, como eu adoro a comida mineira! Nós só damos valor a nossa culinária quando saímos pelo Brasil ou mundo afora e deparamos com outros tipos de comida, não tem nada melhor que um franguinho com quiabo, angu, couve, banana frita, feijão tropeiro e arroz soltinho... Deu vontade de voltar lá só para comer de novo.



  Após o almoço e uma pausa para um breve descanso, começamos a preparar as mochilas, era hora de verificar as roupas para o calor e para frio, e que frio, conferir pilhas, ajustar as barracas, testar lanternas, encher os cantis com água, sem falar que alguns deles pareciam que eram feitos de concreto, o Itamar que o diga, seu cantil era extremamente pesado, mas isso ele só iria ver depois de umas três horas de subida, carregando aquele chumbo nas mãos, agora tudo era festa, mochilas prontas, cantis abastecidos e pausa para instruções e fotos na entrada da igreja, 





















 Agora viria um dos momentos mais radicais de todo passeio, a subida com os jipes, já era quase 13:30 e precisávamos partir rumo ao Pico. Dividimos o grupo em cinco jipes, subiríamos até a entrada do Parque Nacional do Caparaó, uns 11 km com jipeiros preparados e loucos. Alguns quase desistiram no meio do caminho, confesso que o meu sentimento era de êxtase e medo, ladeira acima os jipeiros faziam as curvas numa velocidade fora do comum, a estrada era estreita é só cabia um jipe de cada vez, a cada curva, uma sensação de que iriamos despencar morro abaixo ,  naquela mistura de tensão e adrenalina eu orava em silêncio, sorrindo sem graça e entregando a direção daqueles jipes nas mãos de Deus.



  Ao chegarmos à entrada do parque, após agradecer a Deus, eu pensei que estava com uma costela a menos, de tanta pancada que levei em cada curva, o jipe tinha uma barra lateral de ferro e como fiquei de lado, fui amassando essa barra com minha costela. Ufa! Primeira etapa cumprida, chegamos à portaria do Parque e após confirmar nossa tão esperada reserva, finalmente estávamos liberados a pernoitar no Terreirão e subir até o Pico da Bandeira. Continuamos então nossa saga com os jipeiros, mais oração e adrenalina lá nas alturas, até enfim chegarmos a Tronqueira, primeiro local de acampamento para quem se aventura na Bandeira. Fim da linha para os veículos, após sobrevivermos aos jipes, seguiríamos a pé morro acima, começava ali nossa trilha, mas antes é claro uma pausa para a foto no mirante, afinal já estávamos a 1.970 m de altitude.



 
Agora precisávamos subir a pé 3,7 km até o Terreirão, sem paradas, sem ponto de apoio, com muito peso e disposição, já era por volta das 14:10, e a previsão era de 3h de caminhada, até a nossa área de camping. Após a foto partimos como se fosse a caminhada mais fácil do mundo, e logo nos primeiros minutos percebemos que iriamos enfrentar grandes problemas, com certeza eles se deram pela nossa inexperiência em situações parecidas e falta de equipamentos adequados.  A comunicação entre o grupo foi um problema,  alguns aceleraram o passo, outros ficaram muito atrás. Era necessário respeitar as dificuldades que muitos teriam naquele percurso longo e desgastante, o caminho era íngreme, a altitude era um problema, o peso consumia as energias e tudo isso deveria ter sido levado em conta, porém, não conseguíamos contato com aqueles que avançaram rapidamente, o grupo se dividiu então em pequenos grupos, todo o planejamento e estratégia da comissão para andarmos na trilha, unidos, coesos, estava indo por água abaixo. Alguns do grupo ficaram sobrecarregados, sempre por último e incentivando os mais cansados, outros ajudaram aliviando o peso das mochilas, do cantil do Itamar, por diversas vezes pensei em joga-lo longe, que deu vontade deu. Essas primeiras horas de subida foram terríveis, não estávamos adaptados ao equipamento pesado, ao tipo de terreno, o sol era forte, o calor castigava, realizamos apenas algumas paradas rápidas, eram 5 minutos no máximo para descanso, estava acompanhando o último pelotão e às vezes tentava adiantar o passo, cheguei a correr em determinados momentos para segurar os que iam à frente, cansei mais do que o normal.
  Precisávamos chegar ao Terreirão antes que anoitecesse, era necessário montar acampamento, repor as energias e descansar, e o frio aparecia sorrateiramente.  Após longas 3:00 de caminhada chegávamos enfim ao famoso Terreirão, aqueles que vieram a frente já nos aguardavam ansiosos, acho que muitos desses ou praticamente todos, não tiveram intenção alguma de prejudicar o passeio, simplesmente adiantaram com o desejo de chegar logo, de superar o percurso, alcançar um objetivo,  porém, eu sempre tenho comigo que um grupo deve sair unido e chegar unido, respeitando as dificuldades e habilidades de cada um, e acima de tudo, seguindo as regras impostas pelos organizadores. Imaginemos se por um acaso acontecesse um acidente com o último do grupo, e a pessoa mais preparada para prestar os primeiros socorros estivesse quilômetros a frente, sem comunicação, seria um desastre, mas isso acontece justamente para aprendermos e não cometermos os mesmo erros em outras ocasiões. Mas graças a Deus, temos que ressaltar que apesar dos desencontros e dos desacertos nos primeiros quilômetros, todos chegaram bem, havíamos concluído mais uma etapa, mas o pior, ou melhor, ainda estava por vir.
Chegada ao Terreirão
  A temperatura despencava no Terreirão e uma densa neblina  se aproximava rapidamente, a água nos banheiros era congelante, uns poucos corajosos como o Miguel e o Reinaldo chegaram a tomar banho, faltou sanidade e sobrou coragem. Conseguimos montar acampamento ainda com a luz do dia, posicionamos todas as barracas em forma de um grande círculo, por questões de segurança e união. Havíamos completado 3,7 Km de subida e era hora de um agradecimento e um café em família, compartilhando os alimentos.
 Barracas montadas, equipamentos guardados, cada um contribuiu com algum lanche, estendi o manto sagrado, quero dizer a Bandeira do meu Galo na grama, em frente às barracas, é claro que apesar do peso da bagagem e todas as coisas que tivemos de levar, eu não deixaria para trás a bandeira do Clube Atlético Mineiro, afinal ela iria estar no ponto mais alto do Estado, Justo ela que tinha sido companheira em todos os jogos da Copa Libertadores em 2013, na mais incrível jornada de um time  até a conquista do título, sem falar na Copa do Brasil em 2014 em cima do maior rival; mas voltemos ao passeio, ao nosso café e ao manto sagrado estendido no chão, a bandeira que iria suportar aqueles inúmeros pacotinhos de biscoito, não conseguia imaginar de onde haviam surgido tantos, os poucos sanduiches despereceram na neblina, iogurtes e até alguns pedaços de queijo surgiram sobre a bandeira alvinegra e na mesma velocidade sumiam deixando para trás apenas Pit Stop.



  São pequenas coisas, que iremos lembrar daqui alguns anos nessa aventura que foi o Pico da Bandeira, mas uma delas será com certeza esse momento do café, todos sorrindo, alegres e animados apesar do cansaço , imaginando como seria o topo, o cume, o ponto mais alto de Minas.
 Após o café tentaríamos descansar, o objetivo era dormir bem e sair por volta de 01:00 da manhã para mais 4,5 Km de subida, a previsão era que chegássemos as 5:30 no topo para ver o tão esperado nascer do sol a mais 2.890 metros de altitude. 





















Infelizmente o descanso foi para poucos, o cansaço e o frio extremo foi perturbador, muitos se contorciam com câimbras devido a dura caminhada, o frio piorava tudo. O vento era forte e tínhamos a impressão de que barraca nenhuma iria suportar. Em poucos minutos após o café, mesmo ainda não sendo tarde da noite, afinal era umas 19:00, todos estavam dentro de suas barracas, era quase impossível ficar fora delas.

Sensação térmica -2º

  Talvez esse tenha sido um dos momentos mais críticos do nosso passeio, o corpo parado não produzia calor suficiente, o frio penetrava a alma, a sensação térmica caia a cada minuto, já registrava 5° graus e ainda não era madrugada. Olhei pela fresta da barraca e vi algumas pessoas andando em circulo, era o Welington e o Itamar, as câimbras estavam acabando com eles e a única alternativa era se mexer, movimentar o corpo. Eles parecendo loucos corriam em círculo, em frente as barracas, uma cena inusitada e super engraçada.

  Muitas barracas começaram a ficar úmida por dentro devido à neblina, a maioria delas não era própria para suportar aquela temperatura e os fortes ventos, a situação não era boa e pra piorar com o frio extremo a fome aumentava e biscoito ninguém mais aguentava ver. Naquela hora surgiu então o sopão salvador. Eu havia levado um fogareiro, dois canecões de alumínio e algumas sopas tipo Cup Noodles, minha irmã sabendo que iria levar o fogareiro também levou sopas e foi o que salvou aquela noite. Parecia à multiplicação de pães e peixes, vários copos de sopa foram distribuídos, eu particularmente não me lembro de ter comida uma sopa tão gostosa em toda minha vida, além de aliviar a fome, ela esquentava o peito; claro que alguns aventureiros esquentaram de outra maneira, depois que o Felipe achou um pequeno recipiente próximo ao banheiro, com um liquido quase mágico dentro dele, eu vou parar por aqui esse comentário, pra não comprometer mais ninguém, as más línguas dizem que alguns, depois desse fato, ficam ansiosos pelo frio só pra ver se aparece outra garrafinha dessas por aí.
Suportando o frio após um liquido mágico.

Barraca do Sopão
  Após a sopa e o liquido mágico, alguns se aquietaram, foi então que surgiu o momento da barraca da discórdia. Minha irmã desesperada, pois sua barraca estava úmida e fria, largou seu marido para trás, literalmente abandonou o barco, ou melhor, a barraca, que mais parecia um barco a naufragar, desesperada, com frio, com o teto e o piso da barraca todo molhado, ela abandonou o capitão, ou melhor, o marido, e correu para minha barraca, que estava suportando bravamente aquele frio e neblina intensa. Ficamos então em três, eu a minha esposa e minha irmã, o meu cunhado, na barraca ao lado, começou a reclamar e jogar indiretas para a Meire que havia o deixado sozinho, riamos sem parar, o episódio foi cômico e trágico, eu em parte concordei com minha irmã, pois quando fazemos votos em um casamento, falamos diante do pastor e diante de Deus que iremos ficar juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, mas não afirmamos isso em caso de frio extremo e barraca inundada.
  Em meio ao frio e à água que adentrava sua barraca através da umidade, Cristian suportou bravamente, feito o orgulho de um capitão que jamais abandona seu navio, resistiu em cima de um isolante térmico e dentro de um saco de dormir, após alguns minutos de discussões e risadas, ele roncou feito um leão, para não dizer outro animal; todo acampamento ouvia, era impossível cochilar com aquele barulho, foi à vingança pelo abandono, um ato inconsciente de revolta dentro daquela que mais tarde seria conhecida como a barraca da discórdia.



  Já era quase 01:00 da manhã do dia 09 quando decidimos arrumar as tralhas para chegar finalmente ao topo, o frio era assustador e no relógio do Sidnei marcava  -2° graus. Todos ainda estavam arrebentados pela péssima noite e pela dura caminhada da Tronqueira até o Terreirão, mas era hora de enfrentarmos mais 4,5 Km de subida. Levamos apenas o necessário, água, lanterna, máquinas fotográficas, barras de cereal e Pit Stop, pois era o que tinha.

   Esse percurso de trilha não é bem demarcado, à noite então tudo piora, a única coisa positiva era que todos iam para o mesmo lugar, o topo. Assim seguíamos quase o tempo todo em fila indiana, outras turistas se misturavam ao nosso grupo, entravam na fila e logo sumiam pela frente, era comum ver pessoas paradas, encolhidas perto de alguma pedra, buscando se aquecer e recarregar as energias para continuar o percurso. Por várias vezes fizemos isso, em alguns momentos era difícil enxergar 50 centímetros à frente, a lanterna ajudava bastante e íamos superando a cada metro os obstáculos, as dores, o frio intenso, a fome, a sede e o pior de todos o cansaço.

Pausa para descanso de subida. Margarete se perguntando o que foi fazer ali.
   Ali no nosso meio não havia atletas, não éramos um grupo especifico de aventura, iriamos chegar ao topo com a garra de cada um, com a alma e com ajuda de Deus para superar aquelas adversidades. Já era quase 5:00 e exaustos não sabíamos ao certo se estávamos longe ou perto do cume, ouvíamos varias pessoas gritando para continuar se não iriamos perder o nascer do sol, o espetáculo mais lindo que poderíamos encontrar lá em cima, diante das vozes, caminhávamos ou melhor arrastávamos, alguns um pouco melhor fisicamente ajudavam os mais cansados. Em alguns momentos a subida ficava íngreme, ao ponto de escalarmos com quatro apoios as pedras, após alguns esforços todos estavam a metros do Pico, e por volta de 5:35 chegamos ao ponto mais Alto de Minas.


 
 É difícil encontrar palavras que permita descrever aquele momento de chegada ao topo, de conquista, de objetivo alcançado. Não conseguíamos falar muito uns com os outros, o cansaço e o frio permitia apenas que comunicássemos através dos olhares e gestos. Lá de cima ainda não víamos nada devido a escuridão e a neblina, sentíamos um frio mais intenso devido à altitude, nos encolhemos em meios às pedras, encostávamos uns aos outros para transmitir calor corporal e aguardávamos ansiosamente o nascer do sol, imaginávamos então que em poucos minutos ele iria se agigantar diante dos nossos olhos aquecendo os nossos corpos gelados e trêmulos.

Rafa e eu no topo.


Eu e o Cristian levando o maior de Minas ao lugar mais alto de Minas.

Cybeli, Mariana, Douglas e Felipe















Nada disso aconteceu, o Sol não deu o ar da graça, o dia amanheceu nublado e a neblina cobria toda a visão que esperávamos encontrar a quase 3.000m de altitude. Descemos com o mesmo frio que havíamos subido, desapontados com o sol, triste por não termos conseguido coroar tamanho esforço.  Quando voltávamos pelo mesmo caminho, ficávamos perplexos com as subidas que fizemos no escuro, era algo surpreendente, de dia era possível enxergar a trilha e muitos nem acreditavam que haviam passado por ali, devido ao grau de complexidade.
Ester, Márcia e Miguel (Homenageando Joel)








Da descida do Pico até o acampamento Terreirão, uma chuva fina nos acompanhou, naquele momento nada podia ser pior do que tudo que havíamos suportado para chegar ao topo. As pernas caminhavam por si só, meio que no automático, o silêncio era assustador e durante a descida ao lado da minha esposa praticamente não disse nada, apenas olhava pra frente, tentando encontrar o acampamento, enxergar as barracas que haviam ficado armadas, beber um café quente, sentar e descansar. Após os 4,5 Km de descida debaixo de uma garoa que encharcava-nos dos pés a cabeça, chegávamos enfim ao Terreirão. Esgotados, desanimados e ao mesmo tempo alegres pela superação e a conquista do topo. Agora era desfazer acampamento, juntar as coisas, relaxar alguns minutos, buscar energias para encarar o restante, faltavam 3,7 Km de descida até os Jipes. Mas antes é claro uma pausa para a foto daqueles que ficaram até o final, nós éramos os últimos e não tínhamos pressa alguma, o pior havia passado. Fizemos um café, dividimos o resto do lanche, comemos alguns Pit Stop, pois era o que tinha, juntamos as coisas e partimos rumo a Tronqueira.

Turma que deixou por último o Terreirão.
  Esses quilômetros foram os mais tranquilos, descemos relembrando a noite anterior, as dores, as câimbras, o frio, a barraca da discórdia, o desapontamento com o sol, o livramento de um cocô enorme no meio da trilha, feito por algum aventureiro desesperado. Era um momento de descontração, o percurso não assustava mais, o cansaço tinha dado lugar ao sentimento de vitória. Paramos em alguns trechos para descanso e mais  fotos. 



Aos poucos percebemos que a chegada à Tronqueira estava mais perto do que imaginávamos. Enfim havia acabado a jornada a pé, fim da linha para as botas de trekking surradas pelas trilhas da bandeira, nós éramos os últimos e aguardaríamos ansiosamente os jipes retornarem para nos buscar.
Ultimo registro no Parque Nacional do Caparaó
  Assim que os últimos jipes chegaram, confesso que deixei o parque com um aperto no coração, era uma mistura de sentimentos, de gratidão a Deus, de dever cumprido, de realização pessoal, de superação. A chegada à cidade de Alto Caparaó exigia um bom almoço, um belo banho e um merecido descanso; fizemos tudo isso, alguns já cochilavam dentro do ônibus quando enfim fizemos a contagem e entre mortos e feridos verificamos que todos estavam salvos.  Fizemos uma oração de agradecimento a Deus por tudo ter transcorrido bem, pedimos a Ele proteção no retorno a Belo Horizonte e pegamos a estrada de volta.

  Antes de realizarmos esse passeio, nos dias de preparação e planejamento, escrevi um texto na nossa cartilha-guia, que gostaria de transcrevê-lo aqui:

“Esse passeio foi planejado desde o ano passado, infelizmente por alguns contratempos, em 2014 não foi possível realiza-lo. Graças ao nosso Deus, esse ano saiu do papel, corremos atrás, trabalhamos e nos empenhamos para que esse passeio seja para você inesquecível, que possa ser um daqueles momentos que irá ficar guardado na sua memória, como algo maravilhoso, único; seja simplesmente pelo prazer de sermos uma família em Cristo passeando juntos, seja pela paisagem exuberante, seja pelo espirito de aventura dentro de cada um, seja pelas brincadeiras e risadas que iremos compartilhar, seja pela coragem, seja pelo respeito à natureza, ao próximo e o temor a Deus, seja por tudo isso junto, mas que seja excelso.”
(Texto extraído do Guia – Pico da Bandeira / UMP-2015)

  Aprendi depois do Pico da Bandeira que minha cama é o melhor lugar do mundo. Aprendi que frio não é psicológico. Aprendi que quando estamos em situações extremas somos 10 vezes mais egoístas. Aprendi que às vezes uma simples sopa pode ser a melhor coisa do mundo. Aprendi que toda vez que chegamos ao topo é preciso olhar para baixo com respeito. Aprendi que superação tem mais haver com perseverança do que com habilidades. Aprendi que longas caminhadas se iniciam com apenas um passo. Aprendi que uma simples aventura pode ensinar muitas coisas. E por fim, aprendi que nunca devo levar biscoitos Pit Stop e Club Social para uma trilha.

“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”.
(Salmos 19:1)




Homenagem aos 29 aventureiros que sobreviveram ao Pico da Bandeira.






Texto de Mateus Bragança Cardoso.

quinta-feira, dezembro 10, 2015

As bases para o oficialato na Igreja



Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra. O parecer agradou a toda a comunidade; e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé. (At 6:1-7)


I. PRINCÍPIO DA ORGANIZAÇÃO

No início do livro de Atos lemos que Jesus, antes de subir aos céus, determinou que os discípulos fossem à Jerusalém e aguardassem o cumprimento de uma promessa (At 1:4-5). Ao descer sobre eles o poder do Espírito Santo, seriam testemunhas de Jesus em toda parte (At 1:8). Em obediência, eles foram à Jerusalém e perseveraram em oração:

- Os 11 discípulos + mulheres + Maria + os irmãos de Jesus (At 1:13-14)
- Naquele contexto havia uma assembléia de 120 pessoas (At 1:15)

Ao cumprir-se o dia Pentecostes, quando estavam reunidos, o Espírito Santo encheu todos eles (At 2:4) e passaram a falar das grandezas de Deus (At 2:11), em muitos idiomas (At 2:8-11). Essa experiência foi alvo do ceticismo de alguns judeus que levantaram falsas acusações contra os discípulos. Pedro, então, levantou-se e fez um discurso em defesa do ocorrido, exortando-os pela incredulidade a cerca de Jesus. Ao ouvirem...

- Quase 3.000 pessoas se arrependeram e foram batizadas (At 2:41).

E com a continuidade do testemunho de Jesus, pelos apóstolos, o número de crentes continuou crescendo:

- O Senhor acrescentava, dia a dia, os que iam sendo salvos (At 2:47)
- O número de homens subiu para 5.000, dos que aceitavam a palavra (At 4:4)
- Crescia mais e mais a multidão de crentes (At 5:14)
- Se multiplicava o número de discípulos (6:1)
- Se multiplicava, inclusive, muitíssimos sacerdotes na fé (At 6:7)
- A igreja crescia em número (At 9:1)
- Etc

A Igreja da nova aliança, sob a ação do Espírito Santo, crescia expressivamente naqueles dias. Estudos exaustivos indicam que nesse contexto, havia cerca de 20 a 35 mil pessoas vivendo em Jerusalém. Isso nos ajuda a entender o índice demográfico de crentes em Jerusalém e como rapidamente cresceu.

O texto de Atos 6:1-7 indica uma nova fase no desenvolvimento da igreja do Novo Testamento. Até ali, os apóstolos tinham a responsabilidade de:

- Dar testemunho acerca de Jesus;
- Ensinar a doutrina, combater as especulações e falsos testemunhos;
- Mas também, receber doações e distribuí-las com justiça para socorrerem as necessidades dos pobres.

Devido ao rápido crescimento da Igreja, os apóstolos começaram a ser pressionados pelas demandas sociais do povo (At 6:1).

O início da organização da igreja indicou as principais funções das lideranças que foram destacadas:

Quanto aos apóstolos:
1. Dedicação na palavra de Deus: “Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus para servirmos às mesas” (At 6:2), “quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (At 6:4);
2. Organização da igreja: “escolhei dentre vós sete homens... aos quais encarregaremos deste serviço” (At 6:3);
3. Autoridade, governo: “Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos” (At 6:6).

Quanto aos diáconos:
“Servir as mesas”
1. Uma referência à ordem na igreja: “as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária” (At 6:1), “aos quais encarregaremos deste serviço” (At 6:3);
2. Uma referência à assistência de necessitados (At 6:1-3).

Obs: O diaconato surgiu para permitir que os apóstolos se concentrassem na esfera espiritual da igreja. Posteriormente, os apóstolos orientaram a eleição de presbíteros (gr. presbíteros, epíscopos, bispos), que seriam os encarregados diretos pelo ensino da palavra de Deus e pelo governo na Igreja.


II. COMO OS HOMENS SE TORNAM OFICIAIS DA IGREJA?

1. Desejo

A Bíblia diz: “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja” (1 Tm 3:1; v. 8: “semelhantemente, quanto aos diáconos”). Então, o primeiro passo para o presbiterato/diaconato é o desejo por isso. O desejo para ser um oficial na igreja não é pecado ou mera autopromoção, mas pode ser o resultado de uma intervenção do Espírito Santo no curso de determinados homens dentro da igreja.

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.” (At 20:28)

Em última análise, um homem se torna um presbítero ou diácono porque o Espírito de Deus cria nele um grande amor pelas pessoas, a ponto de sentir uma compulsão para pastorear e servir o povo do Senhor. Sem um profundo desejo e vontade por isso, nenhum homem pode ou deve ser um oficial na igreja. O oficialato só pode ser assumido por homens verdadeiramente vocacionados por Deus, não pelos atrativos da evidência e do “poder” na igreja.

2. Qualificação

O Novo Testamento é perfeitamente claro e positivamente enfático ao dizer que somente homens biblicamente qualificados podem ser indicados ao oficialato. Além do desejo, a Bíblia exige que os candidatos sejam encontrados por qualificações objetivas (1 Tm 3:1-7; Tt 1:5-9).

Tais qualificações exigidas, pela Bíblia, dos candidatos, protegem o rebanho de Deus de homens impulsionados pela autopromoção, posições de influência e egoísmo, os quais negligenciariam o pastoreio e assistência, e envergonhariam o propósito bíblico do oficialato na Igreja.

Um homem desqualificado biblicamente, ocupando uma posição liderança, inevitavelmente, gera prejuízos à Igreja. E Deus, em sua graça, fornece claras e amplas instruções em sua Palavra quanto aos aspectos espirituais, morais e familiares daqueles que podem ser indicados e eleitos para o oficialato na Igreja:

2.1 Quanto a Deus:
- Apegados à palavra fiel (1 Tm 3:9; Tt 1:9)
- Justos e piedosos (Tt 1:8)
- Aptos para ensinar (1 Tm 3:2, 5:17; Tt 1:9)
- Irrepreensíveis (1 Tm 3:2 e 9; Tt 1:6)
- Não sejam neófitos (1 Tm 3:6) = Experimentados (1 Tm 3:10)

2.2 Quanto aos outros:
- De uma só palavra (1 Tm 3:8)
- Respeitáveis (1 Tm 3:2 e 8)
- Hospitaleiros (1 Tm 3:2; Tt 1:8)
- Inimigos de contendas (1 Tm 3:3)
- Amigos do bem (Tt 1:8)
- Não violentos, porém cordatos (1 Tm 3:3; Tt 1:7)
- Tenham bom testemunho dos de fora (1 Tm 3:7)
- Não arrogantes (Tt 1:7)
- Não cobiçosos de sórdida ganância (1 Tm 3:8; Tt 1:7)

2.3 Em relação a si mesmos
- Quem tenham domínio de si (Tt 1:8)
- Temperantes (1 Tm 3: 2 e 8)
- Não avarentos (1 Tm 3:3)
- Sóbrios (1 Tm 3:2; Tt 1:8)
- Não irascíveis (Tt 1:7)
- Não dados ao vinho (1 Tm 3:3 e 8; Tt 1:7)

2.4 Em relação à família
- Esposos de uma só mulher (1 Tm 3:2 e 12; Tt 1:6)
- Que governa bem a própria casa (1 Tm 3:4 e 12; Tt 1:6)
- Que tenham filhos obedientes (1 Tm 3:4-5, 12; Tt 1:6)

3. Exame

Deus requer do presbítero/diácono uma tarefa muito séria, por esse motivo, ele deve ser alguém que se destaca, não pelo seu status social na igreja, devido à sua graduação acadêmica, financeira, material ou histórica, mas de caráter e espiritualidade. Nesse sentido, examinar os candidatos ao presbiterato, é uma tarefa necessária à Igreja!

“Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato” (1 Tm 3:10)

O texto de 1 Timóteo 5:22-25 nos ensina que a avaliação humana, quanto ao caráter e ações, é necessária para evitar que pessoas erradas ocupem em posições de responsabilidade na liderança da igreja.

Os presbíteros e diáconos, como oficiais na igreja, naturalmente necessitam ser avaliados quanto ao desejo e qualificações para as funções indicadas. Precisam ser receptivos à todos os membros da igreja que necessitarem fazer perguntas ou solucionar dúvidas, a fim de aprovarem ou não o candidato em ocasião oportuna.

Um dos melhores exames que a igreja local pode fazer é:

- designar pequenas tarefas para saber como lidará com elas;
- verificar se, além da espiritualidade e caráter, é alguém que se importa com os santos e, portanto, já investe a sua vida no zelo e ensino da doutrina, nas visitas, no aconselhamento, na liderança e na sujeição ao governo da igreja (candidatos ao presbiterato), nas visitas aos enfermos, idosos, órfãos e viúvas, na prontidão para assistir os necessitados, na dedicação pela manutenção da ordem dos cultos e questões administrativas da igreja sob a supervisão dos presbíteros (candidatos ao diaconato).

A igreja local não pode ser ingênua o bastante para pensar que se não dedicam as suas vidas à essas funções antes de serem eleitos, se dedicarão depois de eleitos, visto que homens vocacionados por Deus para o oficialato, provam que são habilitados por Ele nessas funções antes de assumirem quaisquer cargos oficiais, designados pela Assembléia que se reúne para esse fim.


III. O QUE DIZ A CONSTITUIÇÃO DA IPB?

A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) é uma igreja organizada sob a orientação de determinados documentos, os quais regem a doutrina, a liturgia e o governo.

Todos os oficiais, antes da eleição, necessitam ser perfeitamente conscientizados desses documentos, pois deverão sujeição às orientações contidas neles, serão exigidos em suas funções de acordo com o que eles prescrevem e avaliados pela igreja local com base neles. Por esse motivo, é importantíssimo tomar conhecimento dos artigos, na Constituição da IPB, que tratam diretamente dos dois ofícios na igreja local:

Presbíteros:
Art. 50 - O Presbítero regente é o representante imediato do povo, por este eleito e ordenado pelo Conselho, para, juntamente com o pastor, exercer o governo e a disciplina e zelar pelos interesses da igreja a que pertencer, bem como pelos de toda a comunidade, quando para isso eleito ou designado.

Art. 51 - Compete ao Presbítero:
a) levar ao conhecimento do Conselho as faltas que não puder corrigir por meio de admoestações particulares;
b) auxiliar o pastor no trabalho de vistas;
c) instruir os neófitos, consolar os aflitos e cuidar da infância e da juventude;
d) orar com os crentes e por eles;
e) informar o pastor dos casos de doenças e aflições;
f) distribuir os elementos da Santa Ceia;
g) tomar parte na ordenação de ministros e oficiais;
h) representar o Conselho no Presbitério, este no Sínodo e no Supremo Concílio.

Diáconos:
Art. 53 - O diácono é o oficial eleito pela igreja e ordenado pelo Conselho, para, sob a supervisão deste, dedicar-se especialmente:
a) à arrecadação de ofertas para fins piedosos:
b) ao cuidado dos pobres, doentes e inválidos;
c) à manutenção da ordem e reverência nos lugares reservados ao serviço divino;
d) exercer a fiscalização para que haja boa ordem na Casa de Deus e suas dependências.

Presbíteros e Diáconos:
Art. 55 - O presbítero e o diácono devem ser assíduos e pontuais no cumprimento de seus deveres, irrepreensíveis na moral, sãos na fé, prudentes no agir, discretos no falar e exemplos de santidade na vida.


IV. COMO A IGREJA DEVE TRATAR ESSE ASSUNTO?

1. Conferir quais são as responsabilidades do presbítero e do diácono. A Bíblia nos fala sobre isso:

Presbíteros
Administrativos (1 Tm 1:7; 1 Pd 5:2-3)
Pastorais (At 20:28; 1 Pd 5:2)
Educacionais (1 Tm 3:2; Tt 1:7)
Oficiativos (Tg 5:14)
Representativos (At 20:17-31)

Diáconos
Socorrer os pobres da igreja local (At 6:1 e 3)
Manter a ordem das atividades da igreja (At 6:3 cf. 6:1)
Gerir doações e recursos financeiros para esse fim (1 Tm 3:8)

2. Deve realizar um exame cuidadoso para verificar se a vida do candidato confere com as qualificações exigidas por Deus, pela Bíblia;

3. Indicar aqueles nomes que, uma vez eleitos em assembléia, seguramente, serão responsáveis em suas funções, com base nas qualificações bíblicas e no testemunho diante da comunidade.




Fonte: http://www.pipg.org/ (Site 1ª Igreja Presbiteriana de Goiânia)
Rev. Ericson Martins ericsonmartins@me.com

quarta-feira, novembro 18, 2015

Meu Tributo a Luiz De Carvalho


   Cresci escutando Luiz de Carvalho, meu pai adorava ouvir as suas músicas, ele ainda possui uma enorme coleção de vinis do Luiz, são guardados como um velho tesouro, algo de valor imensurável, e consequentemente lá em casa todos nós aprendemos a gostar. Quando criança eu e meus irmãos escutávamos aquelas belas canções em uma vitrola velha, naquela época ela era nova, me lembro que sua cor era  laranja, seu formato meio quadrado, simples como são as vitrolas e ao mesmo tempo delicada,  acho até que minha mãe ainda guarda essa relíquia em algum canto da casa, as vezes quando rodava o disco a agulha pulava a música, outras vezes desligava sozinha; por muitas vezes fomos repreendidos pelo meu pai para não liga-la, para tomarmos cuidado, sem dizer dos vinis que eram sensíveis e arranhavam com facilidade, bons tempos aqueles, família reunida escutando belas canções, sentávamos no tapete da sala e espalhávamos os vinis pelo chão escolhendo alguns, abrindo outros e a música ao fundo, tempo que não volta mais.
   Tivemos o privilégio de receber o Luiz de Carvalho conosco na 7º Igreja Presbiteriana em dois aniversários da UPH, isso há muito tempo atrás, meu pai nessa época era presidente da sociedade e com certeza realizou um sonho pessoal e de muitos outros que admiravam esse belíssimo cantor. Eu era pequeno, mas me recordo daquele homem baixinho, que na capa do vinil parecia enorme. Ele tinha um olhar forte, uma voz de deixar todos boquiabertos, cantava com a alma e quando subia na frente da igreja até as crianças paravam para escutar aquela voz. A igreja estava cheia, meu pai orgulhoso, pois havia conseguido trazer Luiz de Carvalho na 7º Igreja, sim era uma conquista, um presente de Deus, era um privilégio recebe-lo. Do banco eu escutava aquele homem cantar as belas canções que só ouvia na vitrola, era uma sensação única, praticamente todos sabiam as letras e sussurravam  baixinho nos bancos, o vozeirão daquele pequeno homem o tornava um gigante e a canção penetrava na alma como espada afiada, naqueles dias ouve conversão, ouve choro e muita alegria. Vou lembrar-me desse belo cantor dessa forma, ele se foi na madrugada de ontem, levou com ele um pouco da minha infância, um pouco do meu pai, da minha igreja, das músicas que aprendi a gostar e que com orgulho ei de ensinar aos meus filhos.

Descanse em paz Luiz de Carvalho você cumpriu sua missão, falou de Cristo com a voz, com a alma e com a vida. Que os anjos lhe recebam com maravilhosos cânticos, assim como esses que você nos deixou, e irão permanecer abençoando vidas até a volta do nosso Salvador.


Mateus Bragança Cardoso.



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O cantor Luiz de Carvalho faleceu na última terça-feira, 17 de novembro, aos 90 anos, na cidade de São Bernardo do Campo, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), sofrido em 27 de outubro último.

Carvalho, que também era evangelista, foi um dos pioneiros da música cristã no Brasil, e marcou o início da modernização da música cristã ao introduzir o violão entre os instrumentos de culto em 1955, quando muitos pastores consideravam o instrumento de cordas “profano”. O cantor também foi o primeiro artista cristão a gravar um Long Play (LP) de 33 RPM (rotações por minuto), e o fundador da gravadora Bompastor.

A saúde de Luiz de Carvalho já vinha debilitada desde outubro de 2014, quando ele sofreu uma parada cardiorrespiratória. Em janeiro deste ano, já recuperado, o cantor gravou um vídeo ao lado da filha, Priscila, cantando a música “Em Fervente Oração”, tida como uma das composições clássicas da música cristã brasileira.

Ao longo dos últimos meses, a família de Luiz de Carvalho atualizou a página do cantor no Facebook, apresentando informações sobre seu estado de saúde, que se mantinha grave, mas estável.

No último domingo, 15 de novembro, a filha do cantor publicou uma foto em que ela, o pai e a mãe estavam de mãos dadas, e na legenda informou que estava feliz por saber que Luiz de Carvalho se mantinha consciente, apesar da dificuldade de falar e abrir os olhos. “

“Papai, mamãe e eu JUNTOS, na saúde ou na doença. Sempre olhando para Cristo, autor e consumador da nossa fé! Aquele que não nos desampara, que nunca falha […] Glórias a Deus nas alturas pelos irmãos que estão nos apoiando neste momento de dor. A decisão dos médicos é não realizar mais nenhum procedimento invasivo, pois isso apenas causará maior sofrimento. Mesmo sem abrir os olhos e sem falar, nosso amado cantor sorri quando pedimos. ‘Pai, dá um sorriso para mim, eu estou aqui com você’. E ele sorri. Este é o meu maior presente. Ele sabe que estamos com ele, que não vamos deixá-lo”, escreveu Priscila.

Dois dias após essa publicação, Luiz de Carvalho terminou sua jornada. “Hoje, por volta das 4:30 da manhã os anjos do céu receberam nosso amado Luiz. Ele descansou. Foi cantar lá no céu. Depois de 90 anos aqui nesta terra, mais de 40 álbuns lançados, 2 DVDs e um livro, Deus o chamou. Sabemos que somos estrangeiros nesta terra. Não devemos esperar que Deus nos poupe do dia terrível e triste, mas jamais devemos duvidar de sua companhia quando esse dia chega. ‘Pois os olhos do Senhor estão atentos sobre toda a terra para fortalecer aqueles que lhe dedicam totalmente o coração’. 2 Crônicas 16:9”.

A filha de Luiz de Carvalho também destacou a importância que seu pai teve em sua própria decisão de seguir a Cristo, e que o testemunho de vida dele a inspirava: “Luiz foi um homem que deu sua vida pelas outras pessoas. São incontáveis os testemunhos que vemos e ouvimos de pessoas que foram aos pés de Cristo através dos louvores, testemunho e pregações de Luiz. 90 anos, dos quais sua maior parte dedicados a trabalhar por Jesus. Agradeço Deus todos os dias pela vida do meu pai. Ele me ensinou a ser tão apaixonada por Jesus como ele, viver para Jesus”


Publicado por Tiago Chagas em 18 de novembro de 2015 
Site: noticiasgospelmais.com.br

Religião de Paz?


Progressistas e muçulmanos argumentam que o Islã é uma religião de paz, a despeito dos constantes rastros de sangue e violência deixados por muitos seguidores de Maomé. Nesse curto vídeo, parte da palestra "Islã em contexto: Abrindo as portas ao entendimento", o autor e ex-muçulmano devoto Nabeel Qureshi, nos dá sua valiosa perspectiva a respeito do assunto. Afinal, o que o Alcorão realmente ensina os seus seguidores?

Saiba o que está por trás do mantra islâmico "o islã é uma religião de paz" — se ingenuidade, má hermeneutica ou simplesmente taqiya (mentira santa).

Tradução: Israel Pestana

Revisão: Jonatas







quarta-feira, outubro 14, 2015

A oração não atendida de Jesus e a patotização do cristianismo


 
Devido à publicação dos dois últimos livros que escrevi, tenho recebido convites de diferentes igrejas para pregar, em especial, sobre os temas dessas duas obras. Assim, apenas no último ano, tive a oportunidade de visitar, conviver, observar e conversar com líderes e membros de muitas igrejas de diferentes denominações e linhas doutrinárias, como Batista, Presbiteriana, Anglicana, Assembleia de Deus, Nova Vida, pentecostais independentes, históricas independentes, Metodista e Episcopal, além de ministérios interdenominacionais. Essas experiências me permitiram conhecer de perto realidades eclesiásticas riquíssimas e diferentes. E, quanto mais eu conheço a família de Cristo, mais me entristece ver aquilo que passei a chamar de “patotização” do cristianismo. 

Confesso que conhecer de perto essa pluralidade de expressões da fé cristã me encanta. É bonito ver como somos capazes de adorar o nosso Pai tanto com um conjunto vocal à capela e um órgão quanto com bateria e guitarras distorcidas. É lindo ver como pregadores de terno e gravata, colarinho clerical, blaser, camisa social ou camisa pólo são capazes de pregar, com o mesmo amor e respeito, o evangelho autêntico, a despeito do tipo de pano que usam sobre o corpo. É extraordinário perceber como grupos de irmãos mais silenciosos ou mais extrovertidos são capazes de cultuar a Deus com a mesma sinceridade de coração. É especial notar como cristãos salvos da linha pentecostal ou cristãos salvos da linha tradicional são filhos do mesmo Deus e são capazes de se relacionar com ele com o mesmo nível de amor e devoção. Em resumo, quanto mais eu conheço igrejas diferentes, mais claro fica que as nossas diferenças são pequenas em comparação às nossas semelhanças.

Tenho aprendido a amar cada vez mais a noiva de Cristo, apresente-se ela morena, ruiva ou loira. Venho percebendo cada vez mais a beleza da noiva do Cordeiro, não importa se, como presbiteriana, ela tenha olhos azuis; como pentecostal, olhos verdes; como batista, olhos castanhos; e como anglicana, olhos negros. Esses detalhes não mudam o fato de quem ela é: aquela por quem Cristo subiu à cruz. E, se Deus a chamou para si, ai de mim desqualificá-la pela cor dos olhos. 

Quando você ama alguém, não importa se ela está de maquiagem ou com cara de quem acabou de acordar. Muito menos, com roupas caras ou baratas. O amor verdadeiro cuida do ser amado mesmo quando ele está doente, vomitando e com mau hálito. O amor profundo releva pequenos defeitos ou atitudes ligeiramente equivocadas  que o ser amado adota com sinceridade. Se você ama de fato alguém, vai botar o foco na essência, no todo que conquistou seu amor e não naqueles pequenos defeitos que o ser imperfeito que você ama tem (e quem não os tem, não é mesmo?). Do mesmo modo, seria bizarro acreditar que Deus rejeite essa ou aquela igreja ou denominação porque ela de bom coração cometa um ou outro erro – desde que, claro, não configure heresia. 

Infelizmente, o ser humano tem mania de rejeitar o que Deus não rejeita. Some-se a isso o nosso instinto gregário, que nos leva a querer andar em bandos e pertencer a tribos com que nos identificamos, e pronto: tem início a patotização. É natural ao ser humano e a inúmeras espécies de animais formar patotas. O termo “patota” significa, simplesmente, “grupo de amigos”, “galera”. Porém, no uso popular, essa palavra já ganhou um sentido que remete a uma panelinha, um grupinho fechado, uma turma de pessoas que se relacionam por afinidades e rejeitam os que são de fora. Isso é exatamente como se caracterizam determinados grupos de cristãos. Há pessoas que se agarram tanto às patotas a que pertencem que, tristemente, se fanatizam, se apaixonam, recusam-se a ver os defeitos desse grupo, passam a se considerar mais integrantes dessa turma que aos seus olhos é inerrante do que membros de um corpo maior – do Corpo maior. De certo modo, praticam a “patotalatria”. 

Meu irmão, minha irmã, ser batista, presbiteriano, metodista, calvinista ou pentecostal não te define: você é cristão. A superfície do mar não define todo o oceano. Nenhuma denominação é perfeita. Nenhuma igreja local é irretocável. Nenhum pastor é inerrante. Nenhuma linha soteriológica merece se tornar sua alcunha. Se você é mais maranata, presbiteriano ou Assembleia de Deus do que cristão como todos os outros cristãos, algo está muito errado com a sua fé. Se você é mais calvinista ou arminiano do que cristão, precisa com urgência voltar às bases da fé e reaprender o significado de Igreja. Muitos filhos de Deus se agarram mais à sua patota denominacional ou doutrinária do que ao Corpo maior para o qual Cristo os chamou. Acham que mudar a visão teológica de seus irmãos em Cristo para aquilo em que eles acreditam é a sua missão, em vez de se dedicar a assuntos realmente importantes do evangelho – como evangelização, amor, perdão, restauração, pacificação, caridade e outros. Querem mudar a teologia alheia, mas sem levar em conta a graça no trato com o próximo. Acabam se tornando pregadores de doutrinas e não do evangelho. Apaixonados, muitos se tornam agressivos, sarcásticos, arrogantes, irritantes, surdos ao diferente, despidos de bom senso, destituídos de amor cristão. Querem convencer, querem ter razão, querem converter irmãos do cristianismo para o cristianismo.

Uma fruta não se define pela casca. Lamentavelmente, muitos cristãos têm se definido por cascas. “Eu sou reformado”, “Eu sou da missão integral”, “Eu sou pentecostal”, “Eu sou de Paulo”, “Eu sou de Apolo”. Paremos com isso. Paremos com essa atitude separatista e busquemos a conciliação pelas semelhanças. Nós somos cristãos. Somos de Cristo. Servos do Deus altíssimo. Filhos do Criador de céus e terra. Cidadãos do reino. Isso, sim, nos caracteriza. O resto são aspectos periféricos da fé e não devemos nos separar e fragmentar por causa de diferenças secundárias ou terciárias. 

Tenho visto a noiva do Cordeiro nas diferentes igrejas em que prego, das mais variadas linhas e denominações. Pessoas que amam o mesmo Cristo que eu e que amam o próximo como a si mesmo com o mesmo amor. Uns batizam crianças, outros não; uns são cessacionistas, outros não, uns entendem a eleição divina de um jeito, outras de outro. Mas todas creem no mesmo Jesus, confessam o credo apostólico, oram ao mesmo Senhor Soberano, nasceram da água e do Espírito. São meus irmãos em Cristo. São filhos de Deus. São salvos. Justificados, regenerados, adotados. Vão morar no céu. Meu papel não é dedicar minha vida a mudar a teologia deles, é viver o amor de Deus ao lado deles – apesar das diferenças. Triste é quem não percebe isso e investe seus dias a perder tempo combatendo irmãos que pensam diferente em aspectos secundários e periféricos da fé, o que não glorifica Deus em nada e tampouco exalta sua soberania. Deus não precisa de nada disso para ser soberano. Ele é o que é.

A Bíblia relata que Jesus fez ao Pai uma oração que nunca foi atendida: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (Jo 17.20-23). Jesus pediu que nós, cristãos (“aqueles que vierem a crer em mim”), vivêssemos em unidade, “a fim de que todos sejam um” e “para que sejam um”.  Lamentavelmente, nós, cristãos, estamos longe disso, a unidade que Jesus desejou para nós é um sonho distante, enquanto, por outro lado, proliferam em nosso meio as obras da carne sobre as quais Paulo alertou, “discórdias, dissensões, facções” (Gl 5.20). 

Meu irmão, minha irmã, como disse Mário Sergio Cortella, a vida é curta demais para ser pequena. Não desperdice seus preciosos segundos de vida com aquilo que não é pão. Sinceramente, duvido muito que Deus esteja preocupado se você é calvinista ou arminiano, pentecostal ou cessacionista, alto ou baixo, magro ou gordo. Duvido que, ao chegar nos portões da eternidade, Cristo olhará para você e perguntará que doutrina soteriológica você professou em vida: o que ele verá é se o sangue do Cordeiro está aspergido sobre a sua cabeça. Se a sombra da Cruz cobre você. E não creio que ele dirá algo como “vinde, benditos de meu Pai, porque fostes reformados ou arminianos, crestes no livre-arbítrio ou no TULIP, professastes o pentecostalismo ou o cessacionismo”. O que ele dirá, e disso tenho absoluta certeza, é: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me” (Mt 25.34-36).

Os temas e as doutrinas que criam esses rótulos são importantes? Claro que sim. São prioritários? De modo algum. Quem segrega irmãos em Cristo por conta desses aspectos secundários da fé precisa amadurecer – e muito – no real sentido do que é o evangelho de Jesus. Dê prioridade ao que é prioritário. Enfatize na sua vida o que Jesus enfatizou na dele. E pode ter certeza de que essas questões não foram nem de longe prioridade para Cristo (basta ler os evangelhos e você perceberá isso com uma facilidade enorme). O resto? O resto é resto. É vaidade e correr atrás do vento…



Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Publicado: 13/10/2015
Texto de Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >
https://apenas1.wordpress.com/


quarta-feira, setembro 30, 2015

Escrever é sempre um recomeço

   

Depois de um longo período de silêncio no Blog, tempo que tirei para reflexões, trabalho, estudos, dedicação maior a Igreja e outros projetos pessoais, hoje resolvi escrever novamente e reviver o prazer que tenho em expressar-me através das letras.
   Muitas coisas aconteceram nesse período e confesso que concordo com Simon e Garfunkel quando disseram em uma das suas mais belas canções (The Sound Of Silence): “O silêncio é como um câncer que cresce”. Por vezes sentei em frente o computador, escrevi algumas frases desconexas, textos inacabados e por fim desistia e me recolhia ao som do silêncio. Hoje consegui quebrar essa barreira, continuarei me dedicando nas demais coisas, porém, não ficarei tanto tempo sem escrever, o silêncio fere a alma, mas digo aos queridos leitores, que se você não conseguir entender o motivo do meu silêncio, com certeza terá grandes dificuldades em compreender minhas palavras, afinal, o silêncio também é uma maneira de se expressar.
  Nesse período me dediquei a Igreja, principalmente a Mocidade (UMP), tendo o privilégio de estar na direção nesse ano de 2015, ano esse que a Mocidade da 7º Igreja Presbiteriana comemora 50 anos de organização, ao mesmo tempo em que é satisfatório, é também uma enorme responsabilidade colocada por Deus na minha vida, assim como a capacitação para tal  . Dediquei-me nesse período também a família, faculdade e trabalho. Parece poucas coisas, mas junte isso tudo em uma semana e pode ter a certeza que faltará tempo para o lazer, para um filme no sábado à noite, para uma leitura com calma e principalmente para o tempo que é necessário sentar e dedicar ao texto. Entre ter uma ideia e escreve-la existe um longo caminho a percorrer, escrever é como ruminar as palavras, é necessário ler, entender, pedir a orientação de Deus, dedicar-se naquilo, e depois passar para o papel com coerência, coesão, clareza e sentido lógico, por isso, em minha opinião escrever passa pelo ato de ruminar, de reler, de refazer, de organizar, de reeditar. O escritor português José Saramago disse certa vez que: “Dificílimo é o ato de escrever, responsabilidade das maiores”. Agora imagine isso tudo para alguém como eu?  Hoje retomo um prazer antigo e que ficou adormecido por algum tempo, não morto, apenas num estado de espera, aguardando ansiosamente a sua volta.
   As letras surgem no teclado como submersas na poeira de uma estante, a mente mergulha num oceano repleto de ideias que se entrelaçam como numa tapeçaria, as palavras vagueiam pela mente buscando o seu lugar no espaço de um texto. Escrever é para mim como um quebra-cabeça, a imagem, ou melhor, as palavras, eu já visualizei, agora é necessário juntar as peças, organiza-las e por fim encaixar todas no seu devido lugar.



  "Tudo tem seu tempo determinado, e há um tempo para todo propósito debaixo do céu".
                                                                                                                                   (Eclesiastes 3:1)