Gravei o UFC Rio sábado passado, confesso que sou assinante do canal Combat e sempre acompanho as lutas. Mas há algum tempo tenho me sentido mal em perder meu tempo com mais um atrativo televisivo que em nada me acrescenta. Sei que muitos cristãos assistem e até vibram como eu, mas será mesmo que vale a pena? Hoje pela manhã ao ler um Post de Mauricio Zagari, achei que o texto veio de encontro aos meus questionamentos sobre ver ou não UFC. Não quero aqui julgar nenhum cristão que assiste, até porque como disse assisto praticamente todos. O motivo da publicação deste Post é trazer uma reflexão sobre o assunto. Sei que muitos irão dizer que é um esporte, existem muitos lutadores evangélicos que dão testemunho e tudo mais. Mas lhe recomendo parar um pouco, ler o texto até o fim, analisar com calma e tirar suas próprias conclusões.
“Porque vós irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos um dos outros, pelo amor. Porque toda lei se cumpre em um só preceito, a saber: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos.”
Gálatas 5:13-15
Mateus Bragança Cardoso
“Porque vós irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos um dos outros, pelo amor. Porque toda lei se cumpre em um só preceito, a saber: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos.”
Gálatas 5:13-15
Mateus Bragança Cardoso
Cristãos violentos: uma violência à fé cristã
Publicado: 16/01/2012 em Amor ao próximo, Espiritualidade, Fruto do Espírito, Hipocrisia, Igreja dos nossos dias, Igreja Emergente, Juventude, Pecado, Polêmicas
Eu estava calmamente lendo a Bíblia de madrugada quanto cometi o erro
de entrar no twitter no exato momento em que um canal de TV estava
transmitindo lutas de Ultimate Fighting (UFC). Montes e montes de
cristãos estavam tuitando e vibrando com as lutas. Eu li aquilo e postei
um comentário dizendo que não conseguia compreender como pessoas que
seguem Jesus são capazes de se divertir vendo gente bater uma na outra,
como servos do Cordeiro de Deus podem vibrar com tanta pancadaria e
violência. Jesus… para que eu fui fazer aquilo?! Comecei a ser espancado
verbalmente por uma legião de fãs das lutas. Alguns foram educados e
argumentaram como cavalheiros. Mas os demais me jogaram no chão e
começaram a dar chutes e pontapés verbais que me deixaram estarrecido.
Fui nocauteado moralmente. E isso me fez refletir mais uma vez sobre um
dos problemas que considero um dos mais graves da igreja visível no
Brasil: como aqueles que se chamam pelo nome de Jesus passaram a achar
nos nossos dias que agressão, ofensas, verborragia e ataques pessoais é
uma atitude absolutamente aceitável do ponto de vista bíblico (veja post
Festival Promessas: um raio-x da igreja brasileira). O que é um sinal de que não entenderam nada sobre a fé.
Um
cavalheiro chamado Renato desferiu de cara quatro tuites que parecem
ter saído de dentro do ringue: “Gosto é como nariz, cada um tem o seu…
então pegue sua hipocrisia e vai ler a bíblia”, me disse esse suposto
cristão. E, não satisfeito, continuou: “Aposto que não está lendo a
bíblia as 3:30h. Com certeza em algum site pornô ou coisa parecida… isso
sim é coisa de quem julga os irmãos… Farizeu.” Tenho de confessar:
fiquei pasmo. Nem adiantava dizer que ler a Biblia era exatamente o que
eu estava fazendo. Simplesmente, pela primeira vez na vida, dei block no
“irmão” (meu Deus, quem discipula um homem desses?) Dois “cristãos” me
chamaram de hipócrita. Mais um de fariseu. Outros usaram termos que eu
prefiro não repetir aqui porque este é um blog para pessoas cristãs, ou
seja, que não apreciam linguajar torpe. E, depois de falar assim com um
irmão, vão às suas igrejas, louvam de mãos levantadas, tomam a Ceia do
Senhor e creem que estão agindo como filhos de Deus.
Vi até pastores vibrando! Um deles, que é celebridade no twitter
(mais de 90 mil followers, apesar de só viver escrevendo bobagens atrás
de bobagens), tem como maior predicado ser casado com uma cantora gospel
da mais famosa familia de cantores gospel do país. Pois o cidadão
tuitou coisas como “Uhuuu Vitor quebrou tudo!!!”, “Que joelhada linda” e
“Vitor Belfort entrou falando em línguas que emoção vai sacudir tudo
#Torcendo”. Eu mal conseguia acreditar: Um pastor realmente escreveu
para mais de 90 mil pessoas “Que joelhada linda”???
Outro pastor, conferencista que vive pregando pelo Brasil, escreveu:
“Quebra tudo Zé Aldo…”. Uau! Isso então é o que muitos de nossos
pastores estão ensinando por aí: não o arrependimento de pecados, a paz,
a paciência, o amor ao próximo, dar a outra face, pagar mal com bem.
Estão ensinando: “quebra tudo” e “que joelhada linda”. Para pra pensar
com calma: um sacerdote do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
elogiando uma joelhada, um gesto de extrema violência! Que dias de
profundas trevas nós – a igreja do manso Cordeiro de Deus – estamos
vivendo…
Bem,
eu não entro no mérito do gosto pessoal de cada um. Tem gente que gosta
de briga de galos. Na antiguidade, as hordas se divertiam com os
gladiadores do Coliseu. O ser humano sempre foi atraído por violência,
gosta de filmes como os de Charles Bronson e tudo isso naturalmente é
consequência da entrada do pecado no gênero humano – ou você consegue
imaginar Adão antes da queda ou mesmo Jesus na primeira fileira de um
estádio (ou o correto é falar ginásio, não sei), vibrando e gritando:
“Vai, Belfort, arrebenta ele! Quebra esse jumento!” – palavras verídicas
que reproduzo do tuiter de um homem que se diz cristão e estava
assistindo ao massacre. Pode me chamar de hipócrita, fariseu ou careta,
mas eu não consigo imaginar isso.
Claro que muitos concordaram comigo. Me alegrou em especial um jovem
que postou diretamente para mim: “Confesso que vibrei e até me alegrei
em alguns momentos. Mas suas palavras foram um despertar para uma
reflexão sobre isso. Só posso agradecer”. Essa parcela da Igreja não me
preocupa, pois o Espírito Santo já cuida dela e convence do pecado, da
justiça e do juízo. O que me preocupa é a parte da igreja que está
sanguinária, violenta… tão distante do que Jesus ensinou!
Muito
disso tem a ver com nossos modelos. Hoje em dia os principais líderes
evangélicos que estão na TV e na Internet são homens agressivos,
verborrágicos e ofensivos, que usam termos como “trouxa” e “bundão” para
se referir a irmãos na fé. Por outro lado há denominações religiosas
que têm como nicho esportistas e por isso incentivam esportes de contato
e que defendem esse tipo de prática e comportamento. Pronto: junta isso
tudo e temos uma legião de “cristãos” que serão ensinados a cada culto
ou programa na Internet ou na televisão que ofender, agredir, atacar,
revidar e coisas similares é algo aceitável dentro do verdadeiro
Cristianismo. E isso, naturalmente, em especial é algo atraente para os
jovens, cheios de testosterona.
Só tem um problema: isso está biblicamente muito errado.
O Cristianismo é a religião da não violência. Quando Jesus foi preso
no Getsêmani e Pedro cortou a orelha do soldado Malco, o Senhor
repreendeu o agressor e restaurou o homem ferido. Cristo era o Cordeiro
Manso e humilde de coração, que deixou-se voluntariamente apanhar, ser
cuspido, xingado, ofendido, açoitado, vilipendiado, crucificado… e como
ovelha muda perante seus tosquiadores não abriu a boca. Ele deu o
exemplo. Ajudava os necessitados e elogiou a atitude do samaritano que
auxiliou o homem que tinha sido espancado pelos ladrões. Jesus visava
sempre à cura, nunca a provocar a violência e a dor.
No
Sermão do Monte, Jesus ensina a dar a outra face, a andar a segunda
milha. Diz que os pacificadores e os mansos são bem-aventurados. Em
momento algum você vê nos discursos do Mestre incentivo à violência.
Pelo contrário, quando ele diz aos seus discípulos que eles seriam
perseguidos pela fé, a sua ordem é que fujam e não que revidem. Olhe
esta foto à esquerda: você consegue encaixá-la nas bem-aventuranças ou
consegue imaginar que isso seja algo que deixe Jesus de Nazaré feliz? E
se alguém vier com a história da derrubada das mesas dos cambistas no
templo eu nem entro por esse mérito, apenas sugiro que pegue um bom
livro que explicará que aquilo não foi um ato de violência, mas de
limpeza e purificação motivado por desonestidade e exploração na hora
das negociações que aqueles homens faziam.
Nas epístolas você não encontra linguagem ofensiva. Mesmo quando o
apostolado de Paulo é questionado ele o defende com veemência, mas
jamais alguém é ofendido ou agredido. Se não pela sua pessoa, muito
menos pelas ideias que expressa. Pecados são confrontados mas nunca se
veem retaliações verborrágicas ou de incentivo à agressão física. Pelo
contrário, quando os judeus levam a mulher adúltera até Jesus, Ele
estaria coberto de razão pela Lei Mosaica se dissesse: “Podem baixar o
sarrafo nela, arrebentem com essa desgraçada”. Mas não. Calmamente, sem
erguer a voz ou mesmo o rosto o Mestre preserva a integridade física
daquela senhora e corta toda e qualquer possibilidade de um ato de
violência.
A
verdade é que grande parcela da igreja visível no Brasil está doente,
muito doente. Cega, não enxerga o que a Bíblia diz. Sem estudo
teológico, não compreende as realidades das Escrituras. Carnal, não vive
as disciplinas espirituais e por isso não tem intimidade com o Deus
vivo. E, com isso, nós criamos os nossos gladiadores cristãos: homens e
mulheres que vibram com a violência (mascarada sob alcunhas simpáticas,
como “esporte”, “competição”, “profissão”, “artes marciais” ou o que for
– mas que não passam de nomes socialmente aceitáveis para definir a
mesma coisa: pancadaria). Que exultam com seres humanos aos chutes,
socos, murros, pancadas, joelhadas e outras atitudes que, digo
novamente, não consigo imaginar Jesus fazendo ou mesmo se alegrando por
ver.
Pior:
trazem a violência para fora dos ringues. Estão tão transtornados (ou
você acha que assistir a esses gladiadores em ação não mexe com o
instinto violento de quem vê as lutas?) e salivando com os golpes e as
agressões que exportam toda essa testosterona para o mundo das palavras.
Intolerantes, agridem quem discorda deles. Não sabem argumentar ou
dialogar: partem pro braço. “Te pego lá fora, seu cristão que é contra a
violência!’, parecem dizer. E com isso a igreja visível segue crescendo
como orpóbrio dentro da sociedade secular; nós, cristãos, continuamos
sendo vistos como tão mundanos como qualquer outro segmento da sociedade
e os valores do mundo continuam se alastrando descontrolados entre o
povo de Deus. Ou seja: não nos tornamos em nada diferentes do mundo.
Somos tão violentos, agressivos, espancadores, humilhadores, “trouxas” e
“bundões” como qualquer não-cristão.
O
tal pastor disse em maiúsculas no tuiter que “UFC É PAIXÃO NACIONAL”.
Certamente não é a paixão da nação celestial nem motivo de admiração
para os verdadeiros peregrinos que caminham por esta terra estranha
vendo esses espetáculos grotescos e animalescos sendo aceitos por
aqueles que deveriam pregar a mansidão, a humildade de espírito, o amor.
Jesus disse que deveríamos ser sal da terra e luz do mundo e que, se
não fôssemos, só serviríamos para sermos “lançados fora e pisados pelos
homens”. Aí eu leio coisas como…
“Aposto que não está lendo a bíblia as 3:30h. Com certeza em
algum site pornô ou coisa parecida… isso sim é coisa de quem julga os
irmãos… Farizeu“
… e vejo que já estamos sendo pisados pelos homens há muito tempo. E
pior: gostamos disso. Afinal, ser pisado faz parte do esporte de
contato, né?
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Autor: Mauricio Zagari
Blog: Apenas
Um comentário:
Graça e Paz meu querido irmão.
Essa madrugada passei por experiência semelhante. Eu sempre gostei das lutas do UFC, mas sempre sentia lá dentro do meu espírito o Senhor me reprovando. Eu ficava um tempo sem ver. Mas depois de um tempo acabava voltando a assistir aquela carnalidade toda! Sinceramente, diante do que eu leio na Bíblia, UFC é algo TOTALMENTE diabólico e mundano, completamente contrário aos valores do Reino de Deus. Eu acho errado um cristão ser lutador de MMA. As pessoas dão desculpas, etc, etc. Mas o que o homem acha ou não, não vale NADA! Temos um fundamento, que é JESUS! Então, uma pessoa que deseja ir para o céu deve parar de ver e lutar MMA. Jesus disse que os pacificadores são bem aventurados .. me mostra aonde existe paz nas lutas? Você consegue ver em Atos alguns discípulos lutando, se espancando até jorrar sangue? Você o Espírito de Deus nisso? Creio que não .. enfim .. estamos vivendo tempos em que MUITOS cristãos não querem ouvir nem viver a verdade do Reino, e estes crião seus próprios conceitos. Eu gostaria de conhecer os pastores desses irmãos. Meu Deus! Enfim, que o Senhor nos salve de nós mesmos e desse mundo! Abraços ...
Postar um comentário