Certa vez, perguntaram à Madre Tereza qual era a pior doença que ela já tinha visto. Lepra? Variola? AIDs ou Alzheimer?
“Não”, disse ela, “A pior doença que eu já vi é a solidão.”
E acrescentou que o Ocidente sofria de uma epidemia de solidão.
É possível que esta epidemia de solidão seja um dos fatores que impulsionaram a expansão massiva das redes sociais na última década. Facebook, Orkut, Twitter, MySpace, YouTube, Linkedin, Google+, etc. fazem parte do vocabulário e estilo de vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Está todo mundo conectado, compartilhando, curtindo e postando nas redes sociais.
O principal atrativo que as redes sociais oferece é facilidade da conexão entre pessoas distantes e a re-aproximação de amigos e conhecidos. Além disso, elas servem para troca de informações, opiniões, discussões, denuncias, propostas de namoro e emprego, mobilização para causas, protestos, promoção de eventos, álbuns fotográficos, músicas, vídeos, etc.
Nem todo mundo, no entanto, curti a idéia das redes sociais. Muitos pais e conselheiros familiares alertam para os riscos que elas apresentam. Alguns destes riscos são reais, principalmente quando há demasiada exposição de dados pessoais num ambiente virtual, colocando-se em risco a vida pessoal e familiar. Há também o risco (presente em toda internet) de exposição a material impróprio, de sofrer assédio on-line por parte de predadores sexuais e, o mais comum de todos, da perda de tempo quando se passa horas nas redes sociais.
Além dos riscos, uma das principais reclamações sobre as redes sociais é que elas promovem um relacionamento superficial e, portanto, mais uma evidência do que o sociólogo Zygmunt Bauman chama de “sociedade individualizada”. Mas talvez superficialidade e individualismo sejam exatamente um dos motivos pelos quais as pessoas estão buscando se relacionar por meio das redes sociais. Diz Bauman: “Numa vida de contínuas emergências, as relações virtuais derrotam facilmente a vida real. (…) As relações virtuais contam com teclas de ‘excluir’ e ‘remover spams’ que protegem contra as consequências inconvenientes (e principalmente consumidoras de tempo) da interação mais profunda.”
Apesar dos riscos, as redes sociais (e sua geração) revelam para a Igreja a oportunidade de reconhecer que as pessoas desejam conexão, comunidade, conhecer e serem conhecidas por outras pessoas. A internet pode ser uma comunidade virtual promovendo relacionamentos superficiais, mas ainda assim é uma comunidade que está disponível num mundo cada vez mais fragmentado.
Qual a maior fobia da geração das redes sociais? Ficar sem conexão.
A Igreja, como uma família espiritual, deveria reconhecer os anseios e temores da geração das redes sociais e responder a eles criando ambientes mais acolhedores e amigáveis, promovendo mais relacionamentos entre as pessoas e até usando das redes sociais como canais para oração e compartilhamento. Ao fazer isso, a estaria contribuindo para diminuir a epidemia de solidão em nosso mundo, sendo o lugar onde cumpre-se o Salmo 68.6:
“Deus faz com que o solitário viva em família.”
Texto de Sandro Baggio
(escrito para a revista Lar Cristão sob o título Rede Social: A nova onda do momento!)
Nenhum comentário:
Postar um comentário